Oxum
- Thaís Almeida
- 24 de jul.
- 1 min de leitura
Quando chego aos pés de oxum, não preciso explicar o que sinto. Nem pra mim. E isso, pra ser sincera, é um alívio. O frio das águas vai me desarmando aos poucos e eu vou emudecendo. Deixo que o som da cachoeira fale por mim, deixo que suas águas me contornem do jeito que sabem.
“Não sei o que dizer, minha mãe”, sussurro. “Tá tudo certo”, ela responde. “Teu silêncio já me disse. Encosta aí e descansa. Faz tempo que tu não vem me ver.” E eu descanso, fico ali, sem precisar entender, sem precisar nomear. Quando percebo, meu coração já tá feito água limpa. Leve, calmo. Ela limpou. Me ajeitou por dentro.
Agradeço, sem muito jeito, por me cuidar sem pressa e principalmente por não me questionar. Sentimento é coisa emaranhada, difícil de explicar.
Mas prometo: água de cheiro, não deixarei de usar.
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